Pra não dizer que não falei do mistério da EPCAr

Pra você que acabou de chegar, esta é a parte 2 de uma série de posts, é só clicar aqui pra ler a Parte ONE
Galera de Campo Grande MS, sintam-se obrigados a comentar.

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Começava também a saltitação, o aprendizado por meio da dor, a ordem unida, a saudade, a vida na caserna, o cansaço… E, nada mais foi do que aquilo que eu disse ali em cima. É um período muito, mas muito chato. E, apesar de tudo, muito gratificante. Perda de voz logo no primeiro dia. Canções pra treinamento físico vibrantes. Por mais curioso que pareça, tenho saudades desse período. Alguns alunos diziam isso, que iríamos olhar pra trás e sentir saudade. E é justamente por isso, por ter sido um tempo extenuante, vibrante, o primeiro contato com a vida militar, as amizades formadas. Sem falar que ainda não tínhamos instrução científica, ou seja:  matemática, física e química. Amigos, conciliar instrução militar, instrução científica e educação física não é nada fácil. Uma instrução científica PUXADA.

Vou pular direto pro final da adaptação por que acho que já tá mais que explicado. Banho do bicharal. No último dia de EAD, acordamos cedo, colocamos a farda azul-aeronáutica , ensaiamos pela última vez a cerimônia de entrega de platinas, e colocamos o uniforme de educação física. Após alguns polichinelos, flexões, fomos correr. A corrida mais vibrante. Demos uma boa conhecida na escola, indo até o estádio e voltando para a frente do cinema. Lá, já estavam todos os pais esperando orgulhosos para ver seus filhinhos de novo. Todos cansados, acho que cantamos a Canção da Escola e depois um ordinário, e então, começou a cair água do céu. Felicidade geral, emoção. O fim. Chegamos no fim da adaptação da Escola Preparatória de Cadetes do Ar. Em poucas horas, ganharíamos as platinas, e enfim seríamos alunos.

Depois de todos terem tomado banho, colocado a farda brejeiramente (alunos e futuros alunos entenderão), entramos em forma. E o momento mais aguardado: os padrinhos foram convidados a colocar o símbolo do aluno no ombro de seus apadrinhados. Rapaz, coração apertou. Vi meus pais e minha irmã vindo ali, abracei-os desgraçadamente forte. E com o abraço toda a saudade escorreu pelos olhos. Chorei que nem criança. Era uma mistura de orgulho com sensação de missão cumprida. E eles ali, participando, dividindo aquele momento.

Quer dizer que o Esquadrão Ant  Ares bradou seu grito de guerra pela primeira vez, incorporados ao Corpo de Alunos. Algo mais ou menos assim:

E ao fora de forma, e ao chegar em casa, e ao contemplar o Pátio da Bandeira, a fachada… Orgulho. Há pouco tempo ali, fazendo os testes, contando os dias… Não, melhor: há pouco tempo estudando, acordando cedo! Há pouco tempo fazendo sacrifícios (ou o que eu achava que era sacrifício), indo pro cursinho, trabalhando com meu pai! Há pouco tempo usando óculos, descreditado, subestimando a mim mesmo! Fazendo exames, conhecendo São Paulo pela primeira vez, sendo aprovado, imaginando o que me esperava, se valeria a pena! Comprando as coisas, comprando mala, tirando onda de que entrou pra Força Aérea… E agora, ali! Pisando naquele lugar que eu só via em vídeos, sentindo o que antes eu só tinha lido! O fim de uma etapa, o começo de uma história! Aluno da Nascente!

E, meus caros leitores, valeu muito a pena. Sem dúvida o caminho não é fácil. Mas como eu disse, as coisas mais importantes são o aprendizado e as amizades. Dar valor a um simples banho quente, a um momento com a família… Aprendi a dar muito valor à minha família lá. Infelizmente o único modo de se aprender isso é estando longe. As oportunidades também são excelentes, descobri que gosto de correr mais que ladrão fugindo da polícia. Descobri também a Orientação, esporte estupidamente vibrante, interessante, e que me faz lembrar da minha terrinha natal: Pantanal. Me infiltrar no mato, procurar um prisma, correr, correr e correr mais um pouco… Nunca teria essa oportunidade em outro lugar. São tantas competições! Comparando com a vida civil, a FAB dá um apoio enorme ao esporte. Excelente, pois corpo são, mente sã.

Falando em mente sã, a DE (Divisão de Ensino, que é o termo que os alunos usam para a instrução científica) é muito difícil. Principalmente no tripé, que são as 3 matérias mais puxadas: matemática, física e química. E aqui vai uma coisa que eu faço questão de falar, por experiência própria. A maioria de nós (ou uma grande parte), depois que passa no concurso, começa a “ganhar confiança”. E assim fui eu, sempre excelente aluno, elogiado pelos professores quando civilzão, muito bom em matemática, inclusive. A coisa começou a apertar no primeiro trimestre na EPCAr. Veio a primeira Prova Parcial, tomei uma bomba desgraçada em matemática. No alto do meu orgulho, achei que recuperaria sozinho. Não pedi ajuda pra ninguém. Segundo trimestre: rodei mais ainda. A média foi menor, se eu não ficasse com 8,5 de média ficava pra ProvaFinal. Eu simplesmente NÃO PODIA ficar de PF. Só ia pra casa no carnaval, férias de julho e no fim do ano, ou seja, só tinha que estudar! Eu estava excelente em todas as matérias, menos matemática. O aluno que sempre foi bom em matemática, sempre gostou… Tendo algumas dificuldades. Mais uma vez esse orgulho, egoísmo e pretensão falaram mais alto. “Ah, eu recupero, não fico de PF não.”. Fiquei por 0,03. E aí caiu a ficha. Fiquei malzão. Todo mundo indo pra casa, e eu lá, ficando mais 2 semanas na Escola. Chorei mesmo, pô.

física é facil, o bicho pega em mat

Mas, há males que vêm para o bem. E eu tento ver por esse lado. Eu precisava terminar esse ano melhor. Não podia continuar com esses 3 adjetivos tão ruins. E, felizmente, eu não fiquei de Prova Final sozinho. Foi uma semana, tendo aulas e estudando. Aí sempre ficava o tempo que podia fazendo exercícios, e os que não conseguia, pedia ajuda. E assim foi, estudando em grupo, aprendendo muito mais. Arrisquei até explicar exercícios pra outros com mais dificuldade. Jônatas, tu é foda, obrigado aê.

Resultado: de 25, errei só uma questão na PF. Se não fosse a ajuda desse e de outros caras, dificilmente conseguiria esse resultado. Sem falar que eu acho que tô curado do orgulho (risos). E só faz dar mais valor ainda à trajetória, à união da galera. Dar mais valor ainda às férias.

Espero ter deixado uma boa mensagem, ter motivado quem tá estudando há bastante tempo e quem acabou de descobrir, por acaso, a EPCAr (como foi comigo). Por mim, que todos passem de primeira. Quem acompanhou o blog e leu os posts pode ter uma ideia de como foi minha preparação… E quero, sobretudo, que todo mundo se sinta como eu me sentia: arrepiado vendo os vídeos da EPCAr, arrepiado lendo textos do pessoal, arrepiado esperando resultados dos exames… E com MUITO MISTÉRIO pra cima de quem fala: “NOSSA, VOCÊ VOLTOU DOIS ANOS? ENSINO MÉDIO TUDO DE NOVO? AI CREDO, EU NÃO QUERO VER ESCOLA NUNCA MAIS E VOCÊ VOLTANDO RSRSRS”. Não importa o que os outros digam, essa batalha é só sua, a escolha é sua. O exame de escolaridade é APENAS o começo.

A apostila amarela fui eu que fiz, o começo de tudo. Rapaz, tempo de preparação não é tempo perdido…

E pra quem já passou e tá indo em 2013, força galera. Quem é de Campo Grande ou de todo o Mato Grosso do SUL e passou tem que terminar de ler e obrigatoriamente deixar um comentário.  Aproveitem muito a família nesse tempo, saiam do computador, da TV, dos livros, deem um abraço nos pais, nos irmãos… CG vai deixar muitas saudades, Parque das Nações, Orla Morena, e sobretudo, ruas planas (Barbacena=ladeira aqui, ladeira lá). Pra quem tá estudando pra 2014, os mesmos conselhos e MUITA CEPA!!! Comente e vá cepar! (risos).

A melhor escolha da minha vida, Força Aérea, BRASIL!